Ei,
que bom te ver aqui. Chega mais.
Antes de qualquer palavra grande, só queria dizer: escrevo pra quem sente fundo. Essa newsletter é um diário em voz baixa —onde transformo silêncio em ponte e intensidade em abrigo.
Espero que esse silêncio escrito te abrace — e que esse texto te faça companhia, daquelas que não apertam, só acolhem.
A adolescência é um mundo de descobertas, aventuras, paixões e conflitos internos.
Quando somos jovens, ansiamos pelos 18 anos, achamos que seremos livres, donos de nós mesmos. Mas, ao chegarmos lá, percebemos que gostaríamos de ter ficado mais tempo nos 15.
Então, a vida segue. Passamos pelos 20, pelos 30, e, de repente, chegamos aos 40 — bom, no caso, eu cheguei.
Lembro que, quando criança, ouvia alguém dizer: "Ela tem 40 anos." E eu pensava:
"Nossa, que velha!"
Hoje, com 41 anos, quase no degrau dos 42, percebo o quanto esse pensamento era ingênuo. Sinto-me tão jovem quanto aos 15, mas agora com uma bagagem de experiências vividas e observadas.
UM TEMPO QUE NÃO VOLTA,
MAS PERMANECE 📪
Cresci em uma época onde escrevíamos cartas e esperávamos semanas pela resposta. A emoção de abrir um envelope colorido era indescritível. Ainda guardo muitas cartas e, sempre que releio alguma, é como se abrisse um portal para outro tempo, um pedaço de uma história vivida e compartilhada.
Era o tempo de brincar na rua até tarde, de pedalar sem destino, de colecionar figurinhas e jogar bolinha de gude. Tudo parecia mais simples, mais real.
(Esse pardalzinho simpático e curioso que aparece na foto é o Luisinho. Criei ele desde pequenino, junto com seu irmão, o Zezinho. Eles são parte da minha rotina — e, de algum modo, também da minha história. Companheiros das manhãs, das memórias e dos silêncios que me habitam. Ah, e tem também o Storm — uma pomba que resgatei durante uma tempestade. Ele chegou quieto, e ficou. Talvez, em algum silêncio futuro, ele apareça por entre as palavras… e você possa conhecê-lo também.)
O MEDO DE ENVELHECER E OS SONHOS QUE NUNCA ACABAM
É curioso como essas lembranças ainda são tão vívidas na minha mente, como se tivessem acontecido ontem. Mas, ao mesmo tempo, percebo que envelhecer traz consigo um certo medo – o medo do tempo que se esgota.
Queremos realizar tantas coisas, temos tantos sonhos guardados dentro de nós, que, por vezes, parece que nunca haverá tempo suficiente. Mas a verdade é que, conforme realizamos sonhos antigos, novos nascem. Talvez a vida precise dessa eterna renovação para continuar fazendo sentido.
O PESO DAS EXPECTATIVAS
Quando somos adolescentes, há sempre aquela pergunta inevitável: "E a namorada? Já está namorando?"
A pressão para seguir um roteiro pré-estabelecido da vida adulta começa cedo.
Mas será que preciso namorar? Casar? Ter filhos? E se minha felicidade for exatamente essa que vivo agora? Isso seria errado?
Aos 41, já namorei, vivi experiências incríveis, mas não casei, não tive filhos e estou há anos sem um relacionamento. E sou imensamente feliz assim. Não quero namorar, não quero casar e, definitivamente, não quero ter filhos.
Com o tempo, aprendemos a apreciar nossa própria companhia. Nos acostumamos com nossas manias, nossos silêncios, nossos defeitos. E, quando isso acontece, torna-se mais difícil dividir essa rotina com alguém. E tudo bem. Cada um escolhe o caminho que quer seguir.
A LIBERDADE DE SER
Acordar e dormir comigo mesmo, sem precisar dar satisfações, sem precisar negociar cada pequena escolha da vida, é uma sensação libertadora.
Não estar em um relacionamento faz com que eu valorize ainda mais minha família e minhas amizades. Viver para mim e para aqueles que amo é uma escolha, não um acaso.
Isso não significa que quem se casa não se entrega. Mas é diferente. Quando se está em um relacionamento, seu mundo deixa de ser só seu. O meu, ao contrário, continua sendo inteiramente meu – e compartilho apenas com quem eu quiser, quando eu quiser.
A VIDA ACONTECE AGORA
Quando adolescente, eu tinha a sensação de que não passaria dos 25 anos. Via amigos partindo cedo demais, e isso me fez questionar quanto tempo eu teria.
Hoje, não sei se chegarei aos 50. Mas sei que estou vivendo cada segundo da minha vida com intensidade, com serenidade. E quando minha hora chegar, irei feliz. Sem arrependimentos.
Talvez a pergunta não seja quanto tempo temos, mas o que escolhemos fazer com o tempo que há.
E se o tempo é breve, que ele seja bonito. Que eu seja inteiro, mesmo no instante mais pequeno.
Que essas palavras tenham feito companhia — daquelas que não falam alto, mas aquecem.
Que esse texto tenha chegado manso, como quem senta ao seu lado sem pressa. E que, de algum modo, tenha ficado.
🍂 Nos vemos no próximo sopro de quietude — entre uma xícara de café e o silêncio.
Com carinho,
Ale
🍃Se algo te tocou, mesmo que de leve, deixa nos comentários.
Vou adorar saber o que ressoou em você.🍂
Ei, que texto lindo! 🌻
Sério, parece que você sentou do meu lado e começou a conversar comigo… me senti abraçada pelas suas palavras. Foi tipo um conselho bom, sem pressão, só aquele toque de “tá tudo bem ser quem você é”. Me identifiquei demais!
É estranho como, mesmo em fases tão diferentes da vida, a gente sente as mesmas coisas, né? Medos, sonhos, essa coisa louca de querer viver tudo mas também só querer estar em paz. Você escreveu tudo de um jeito tão sincero, tão calmo… foi como um respiro no meio da correria.
E agora tô aqui, pensando em como quero viver de um jeito bonito também. Do meu jeito. Obrigada por isso. De verdade.
Espero te encontrar em outros textos. Já te considero tipo um amigo que manda cartas com alma. 💌
Com carinho,
-Sosô 🌙✨
Alex, talvez você não tenha ideia de como suas palavras podem confortar um jovem.
A maioria dos adultos são tão duros com os jovens, que tudo tem que ser já "antes de envelhecer", tudo tem que ser resolvido e parece que todos vivem sem cor, movidos a cansaço e rancor. É bom saber que existem adultos que ainda vivem seus desejos e pensamentos juvenil.